The Goodbye Girl

As amizades na Austrália, por mais amplas e flexíveis que sejam, se pré-estabelecem com duplas. Verdadeiros "casamentos" surgiram aqui, nenhum no sentido carnal da coisa, mas todos envolvendo o princípio básico de qualquer casamento: morar junto, dividir contas e tarefas, se amar, se odiar, conhecer o melhor e o pior do cônjuge. Dessa forma, acompanhamos os períodos de lua-de-mel, as crises pontuadas e as reconciliações de duplas como Clarice e Fernanda, Leo Lima e Rose, Rafa e Rapha, Renata e Carol, entre outros... A minha dupla, minha "esposa" não é surpresa pra ninguém que visita esse blog. Josi, manauara que mergulha nas águas do Rio Negro depois da balada, foi a minha cara-metade em Sydney, e eu não poderia ter pedido por ninguém melhor.

Não pensei sempre dessa forma, muito pelo contrário. Quando conheci a Josi, tive a nítida impressão de que não nos daríamos bem, o que já me mostrou uma coisa que logo se tornaria constante na viagem: primeiras impressões não ficam. Graças ao fato de ambos estudarmos na City, começamos a nos encontrar com frequência nos intervalos das aulas, mesmo que pra isso muitas vezes tivéssemos que nos perder - cheguei ao cúmulo de dizer a ela que estava "na frente da baiana gorda", como me referia à estátua da rainha Victoria na frente do Queen Victoria Building. A esquina do HSBC, que mais tarde se tornaria parte do caminho para nosso cortiço no World Tower, acabou se tornando o ponto de encontro oficial. E posso seguramente dizer que a partir desse dia, nos tornamos inseparáveis.

Pois bem, no começo desse mês minha esposa voltou pro Brasil, deixando um vazio enorme. Como já disse para ela em algumas ocasiões, a Josi foi a Austrália pra mim em diversos aspectos e sem ela, a viagem perdeu um pouco da graça. Alguns poderiam argumentar que a "vida de solteiro" em Sydney é muito mais interessante, mas considerando o fato de que nosso casamento nunca realmente nos limitou nos aspectos práticos, peguei só a parte ruim de perder a esposa. Já posso começar a pensar num processo por abandono de lar?